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Dólar fecha a R$ 4,85 e tem maior queda em 7 anos; Ibovespa sobe 22%, melhor desempenho desde 2019

O dólar encerrou 2023 com perda de 8,08% ante o real, a queda mais intensa desde 2016, quando perdeu 17,5%, segundo o fechamento desta quinta-feira (28), o último dia de negociação do mercado financeiro.

A divisa norte-americana encerrou o dia com alta de 0,39%, negociada a R$ 4,851 na venda. Em dezembro, a perda foi de 1,30%.

Já o Ibovespa fechou o ano com alta de 22%, aos 134.185 pontos, o salto mais expressivo desde 2019, quando subiu mais de 31%.

O índice encerrou o último dia de negociação estável, com leve queda de 0,01%. Em dezembro, o Ibovespa acumulou um ganho acima de 5%, representando o oitavo mês com sinal positivo em 2023.

Apenas fevereiro (-7,49%), março (-2,91), agosto (-5,09%) e outubro (-2,94%) registraram performance negativa neste exercício.

A divisa brasileira foi apoiada em 2023 em grande parte pelo alívio de temores fiscais domésticos e pelo diferencial de juros ainda relevante entre Brasil e Estados Unidos — temas que devem continuar norteando os negócios no ano que vem — bem como por uma forte safra agrícola no primeiro semestre.

A última sessão de um ano amplamente positivo para o real foi marcada por volatilidade nas primeiras horas de negócios, devido à disputa pelo fechamento da taxa Ptax de dezembro e aos volumes reduzidos antes do Ano Novo.

A alta do dólar frente ao real no dia acompanhou a virada para positivo no índice que compara a divisa norte-americana contra uma cesta de pares fortes, que subia 0,40% nesta tarde.

O movimento estava em linha com a alta dos rendimentos dos títulos públicos dos EUA, também chamados de Treasuries, que alguns operadores associaram a ajuste após uma tendência recente de arrefecimento das taxas e queda do dólar.

Na cena doméstica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo enviará ao Congresso uma medida provisória estabelecendo a reoneração gradual da folha de pagamento dos 17 setores hoje isentos desse pagamento, mantendo uma desoneração parcial sobre valores equivalentes a um salário mínimo.

Haddad também anunciou que será fixada uma limitação anual das compensações tributárias para decisões judiciais determinando créditos acima de 10 milhões de reais, bem como o fim gradual do Perse, programa de benefícios tributários criado durante a pandemia da Covid-19 para proteger setores como o de eventos, hotéis e restaurantes.

Apesar da persistência de várias incertezas em relação às contas públicas, participantes do mercado notaram melhora fiscal ao longo deste ano, com esforço da equipe econômica para tentar aumentar a arrecadação e alcançar a meta de déficit primário zero em 2024, um dos fatores que explica a forte desvalorização do dólar no acumulado do ano.

Investidores também reagiram nesta quinta-feira a dados que mostraram que o IPCA-15 superou expectativas e subiu 0,40% em dezembro, embora ainda tenha fechado 2023 com alta de 4,72% — resultado que está dentro da banda de tolerância da meta oficial de inflação.

Na esteira dos dados, a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitoria, disse que “não preocupa o rumo da política monetária no curto prazo, há muito espaço para os cortes de 0,50 (ponto percentual) nas próximas reuniões do Copom”.

A não aceleração do ritmo de afrouxamento monetário do BC tende a jogar a favor do real, principalmente num contexto de ampla expectativa de redução dos juros pelo Federal Reserve (fed, o BC dos EUA)no ano que vem.

Quanto maior o diferencial de juros entre o Brasil e as economias avançadas, mais interessante fica o real para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em países com taxas baixas e aplicação dos recursos em mercados mais rentáveis, o que também explica o fortalecimento do real no acumulado de 2023.

A força extraordinária do setor agropecuário no início deste ano foi o outro importante impulsionador do real nos últimos 12 meses, segundo participantes do mercado.

Fonte: CNN

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